Sobre os autores
Byron Deeter é um investidor em tecnologias de nuvem, SaaS e IA. Formado pela Universidade da California em Berkeley, ele já trabalhou na McKinsey e na IBM. Byron é investidor de empresas como Canva e Intercom, e é membro do conselho de muitas outras.
Sam Bondy é formado em Economia pela Universidade de Binghamton, em Nova Iorque. Ele trabalhou na área de investimentos em tecnologia, mídia e comunicações no banco J.P.Morgan. Atualmente, Sam está focado em investir em empresas de IA e de nuvem em estágio inicial.
Artigo
A Bessemer Venture Partners é talvez a mais antiga gestora de venture capital dos EUA. Seu portfólio inclui empresas como Pinterest, Shopify, LinkedIn, DocuSign e Wix.
No artigo The Rule of X, a Bessemer propõe que os investidores abandonem a regra dos 40% e passem a avaliar a saúde financeira e o potencial de crescimento das empresas usando uma versão atualizada dela: a regra do X%.
A regra dos 40% — proposta em 2015 pelo investidor Brad Feld, e que a Bessemer ajudou a popularizar — leva em conta dois indicadores: a taxa de crescimento e a margem de lucro da empresa. Se a soma dos dois der 40% ou mais, a empresa tem um valor crescente, e vale a pena investir nela.
Por exemplo: a taxa de crescimento da empresa A é de 30% e sua margem de lucro é de 15%. Nesse caso, o percentual total é 45% — ou seja, o valor de A está crescendo.
O problema é que a regra dos 40% atribui à geração de fluxo de caixa livre o mesmo peso que atribui ao crescimento da empresa. Ou seja, se uma empresa B tiver só 10% de crescimento, mas 35% de margem de lucro, será considerado que ela está tão bem como a empresa A acima — apesar de A também ter um fluxo de caixa positivo, e estar crescendo cinco vezes mais rápido.
O que a Bessemer diz é que na verdade, uma vez que a empresa atingiu um fluxo de caixa livre positivo, seu crescimento tem um peso maior do que sua margem de lucro.
Isso, porque enquanto a margem de lucro tem um impacto linear no valor da empresa, o crescimento pode ter um impacto composto. As avaliações de mercado mostram que apesar dessa razão variar muito no curto prazo — indo desde 2x até 9x — no longo prazo ela fica em torno de 2x a 3x.
Por isso, a Bessemer recomenda que planejadores financeiros conservadores usem a razão de ~2x para calcular o valor do crescimento em relação à rentabilidade no caso de empresas privadas maduras. No caso de companhias públicas, com custos de capital mais baixos, o multiplicador pode ser ~2-3x.
Esse multiplicador é o que faz a diferença entre a regra dos 40% e a regra do X proposta pela Bessemer. Eis a fórmula da regra do X:
Regra do X = (Taxa de Crescimento x Multiplicador) + margem do FCF
Retomando o exemplo acima, vamos calcular o valor das empresas A e B usando a regra do X (neste caso, com o multiplicador 2):
Empresa A: (30% x 2) + 15% = 75%
Empresa B: (10% x 2) + 35% = 55%
A empresa A agora aparece claramente como tendo um valor crescente maior que o da empresa B. Segundo a tabela abaixo, ela estaria no cenário “o melhor possível”, enquanto que a empresa B estaria no cenário “melhor”:
Contudo, a Bessemer não sugere usar sempre a regra do X. O gráfico abaixo mostra como a regra a ser usada deve variar de acordo com o estágio de desenvolvimento da empresa:
Já o gráfico abaixo confirma como é forte a correlação entre o valor obtido com a regra do X (aqui, com um múltiplo de 2.3x) e a avaliação de diversas empresas:
O gráfico seguinte mostra a importância relativa do crescimento vs. FCF para determinar o crescimento das empresas nos próximos doze meses:
Em resumo, neste artigo a Bessemer encoraja os empreendedores e investidores a não negligenciarem o crescimento em favor do FCF, e propõe o uso da regra de X como uma ferramenta que lhes permitirá dar ao crescimento sua devida importância ao avaliar uma empresa.
Clique aqui para acessar o estudo original.