Scott Galloway, um renomado professor de marketing na NYU Stern, é conhecido por sua expertise em negócios, tecnologia e cultura. O artigo “Goals”, publicado em seu blog “No Mercy / No Malice”, busca refletir sobre o aumento recente dos investimentos em franquias esportivas, oferecendo uma perspectiva que combina aspectos financeiros com uma compreensão cultural do fenômeno.
As franquias esportivas
A trajetória financeira das franquias esportivas é marcada por instabilidades e necessidade de inovação. Historicamente, vários clubes enfrentaram desafios financeiros severos.
Recentemente existe um crescimento geral do setor, impulsionado pela globalização do esporte e pelo aumento das receitas de direitos de transmissão e patrocínios. Clubes de futebol europeu, como o Liverpool e o Manchester City, tornaram-se ativos altamente lucrativos – atraindo investidores que buscam não só retorno financeiro, mas também o prestígio associado à posse de uma equipe reconhecida. Esses clubes, por exemplo, viram seu valor de mercado aumentar significativamente nos últimos anos, refletindo a lucratividade crescente e o apelo global do futebol.
Entre 2014 e 2022, os clubes da Premier League experimentaram um crescimento substancial em seu valor. Esse aumento pode ser atribuído a diversos fatores – incluindo contratos de transmissão televisiva mais lucrativos, acordos globais de patrocínio e expansão internacional da marca da liga.
O influxo de capital estrangeiro, com investidores de todo o mundo adquirindo e investindo em clubes, também desempenhou um papel crucial. Esse período foi marcado por uma valorização significativa dos clubes, refletindo a força e o apelo global da Premier League como uma das principais ligas de futebol do mundo.
Na última década, as franquias norte-americanas de NFL, NBA e MLB também testemunharam um aumento notável em seu valor. Franquias emblemáticas – como o Dallas Cowboys da NFL, o New York Yankees da MLB, e o Los Angeles Lakers da NBA – exemplificam essa tendência, com aumentos significativos em seus valores de mercado. Partidas importantes se transformaram em grandes eventos, com direito a shows e apresentações, acompanhados de muita tecnologia.
Prestígio e influência
Para muitos investidores, a propriedade de uma franquia esportiva transcende o retorno financeiro, abarcando um componente simbólico que incorpora um status de prestígio e influência social – atraindo elites ao redor do mundo.
Possuir um clube é uma demonstração de poder e relevância. Não à toa, tem se tornado cada vez mais comum que magnatas de países geopoliticamente relevantes invistam pesado nos esportes – como é o caso recente da contratação massiva de estrelas do futebol por grandes potências econômicas árabes.
Riscos e oportunidades
O investimento em franquias esportivas, ainda que atraente, carrega riscos significativos. A volatilidade do mercado pode afetar drasticamente o valor dos clubes, especialmente em tempos de incerteza econômica. Desafios operacionais, como a gestão de equipes e a necessidade de inovações constantes, também representam um risco. Além disso, a dependência de fatores externos, como mudanças nas regulamentações de transmissão ou flutuações no interesse dos fãs, pode impactar as receitas.
No entanto, as recompensas potenciais são consideráveis. O aumento do reconhecimento da marca e o engajamento com a comunidade não só fortalecem a presença do clube, mas também podem impulsionar as receitas de maneira significativa. Esses fatores, juntamente com a possibilidade de influenciar positivamente o desenvolvimento esportivo e social, tornam o investimento em franquias esportivas uma proposta atraente para muitos.
O aspecto fiscal é outro ponto relevante para compreender esse mercado – em muitos países, os investidores podem deduzir quase todo o preço de compra de sua renda nos anos subsequentes[1]. A lógica por trás disso se baseia na ideia de que o preço de compra inclui ativos que se degradam com o tempo. No entanto, no esporte profissional, essa prática parece desconectada da realidade econômica – pois ativos valiosos, como contratos de TV e de jogadores, tendem a se regenerar continuamente.
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